Universidade Federal do Rio Grande - FURG - Rio Grande/RS
II Simpósio Internacional História, Cultura e Relações de Poder
04-06 de setembro de 2017
ATENÇÃO:ANAIS PARA DOWNLOAD
"Na realidade, durante séculos e séculos não foi dada às mulheres a possibilidade de terem a sua própria criatividade, nem sequer lhes foi permitido serem escritoras. Escreveram e publicaram, sim, mas com pseudónimos masculinos."
(Maria Teresa Horta)
Simpósios Temáticos
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Instruções:
1. Poderão propor comunicações para os Simpósios Temáticos, listados abaixo, graduados, alunos de pós-graduação, professores e pesquisadores (titulação mínima exigida: graduação completa). Coautores também necessitam se inscrever e se credenciar no evento para obtenção de certificado;
2. Quem submeter trabalhos diferentes como autor e co-autor deverá fazer 2 inscrições, cada uma na modalidade específica (deverá entrar no sistema duas vezes e submeter cada um dos trabalhos, o que gerará duas inscrições. Isso se deve à emissão dos certificados). O pagamento será de apenas uma inscrição.
3. Os resumos devem conter entre 150 e 250 palavras, seguindo o modelo do resumo (clicar aqui) e devem ser anexados no momento da inscrição;
4. As inscrições devem ser realizadas até 20/07 pelo site: https://sinsc.furg.br/detalheseventos/572
5. O texto final para os anais deve ser enviado ATÉ O DIA 20/12 para o endereço: seminariohistoriafurg@gmail.com Diretrizes para envio do texto completo (clique aqui)
OBS: Cada inscrito só poderá ser autor de 1 trabalho e/ou co-autor de 1 trabalho. A Comissão Organizadora não entende orientador como co-autor.
Valor da inscrição: R$ 30,00 para alunos de pós-graduação e professores da rede; R$ 50,00 para pesquisadores e professores de IES. Valor pago no credenciamento.
LISTA DE SIMPÓSIOS TEMÁTICOS:
ST 1: Expansionismo e Imperialismo Português: A presença portuguesa na África, Ásia e América
Prof. Dr. Anselmo Neetzow (FURG)
Prof. Dr. Edison Cruxen (UNIPAMPA)
Prof. Dr. Mohammed Nadir (UFSM)
O presente Simpósio Temático tem por objetivo analisar as diferentes formas de interações, que se estabeleceram com a presença portuguesa durante seu processo expansionista e imperialista nos continentes Africano, Asiático e Americano, desde o princípio do século XV até a segunda metade do século XX. Um amplo recorte temporal, desde a tomada da cidade de Ceuta, no norte da África, em 1415, até o fim dos movimentos de libertação das antigas províncias ultramarinas, em 1974, configura o âmbito de debate desta proposta. Ao longo dos séculos, os portugueses buscaram incrementar sua presença em solo ultramarino, fazendo com que as relações entre o reino luso e as diferentes regiões alcançadas e dominadas se estreitassem, constituindo diversos tipos de trocas e convívios que, em certos casos, chegaram mesmo a superar as relações entre dominador e dominado. Neste sentido a análise das diferentes faces e fazes dos contatos, explorações, atritos, guerras, e interações de Portugal, por seiscentos anos, com África, Ásia e América, se apresentam como o principal foco de reflexão e contribuição da presente proposta de Simpósio Temático.
ST 2: Alteridades em português. A mobilização da história e a construção das identidades: Portugal, Brasil e PALOP.
Prof. Dr. Marçal de Menezes Paredes (PPGH / PUCRS)
Prof. Dr. Mateus Silva Skolaude (Educar-se, UNISC)
Este simpósio problematiza a experiência discursiva e multi-escalar das construções identitárias (locais, nacionais e transnacionais) que mobilizaram a história da “herança portuguesa” enquanto dispositivo de fronteira cultural, seja para negá-lo, seja para reafirmá-lo (ou mesmo “reciclá-lo”). Diz respeito, portanto, ao complexo jogo de afirmação de um “eu coletivo”, de sua justificativa ou ancoragem histórica, bem como da inerente invenção de “alteridades” significativas. Afinal, como sabe, nos momentos de independência política ou afirmação cultural, por exemplo, há sempre um rescaldo de memórias e lastros culturais entre um dado “passado colonial” e um putativo “futuro nacional” projetado. Onde começa a nova identidade? Qual a relação entre ela e as resiliências do passado (ou das forças “passadistas”)? Assim sendo, o debate está aberto para todos os trabalhos que, nas diferentes áreas das Humanidades (e não só), tematizam discursos, textos ou memórias identitárias que incorporam/repelem, reconfiguram/reinventam supostos traços culturais oriundos do contexto de transição entre o colonialismo português e os contextos de emancipação e independência política e/ou cultural. O mote referencial abre-se, desta feita, aos estudos que compreendem o intercâmbio de autores, valores, textos, ideias, experiências, políticas, redes intelectuais, movimentos sociais, migrações e suas variadas implicações, seja em Portugal seja nas diferentes sociedades que se estruturaram a partir de e contra Portugal, como é o caso do Brasil e dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
ST 3: História, Política e Ideias entre impressos e impressões
Prof. Dr. Luis Carlos dos Passos Martins (PPGH / PUCRS)
Prof. Dr. Helder Godim da Silveira (PPGH / PUCRS)
O tema da relação entre História Política, História das Ideias e impressos (livros, jornais, panfletos, etc.) é altamente relevante para os pesquisadores interessados na dinâmica dos movimentos políticos esociais. Como bem demonstrou Peter Burke, não apenas a difusão, mas especialmente a capacidade de formulação de novas concepções sobre os sistemas de poder e a próprias visões de mundo sofreu uma revolucionária transformação a partir das mudanças no registro e circulação das ideias e informações derivadas da invenção da imprensa (século XIV). Desta maneira, como indicam diversos estudos, as ideias e ideologias com efetivo potencial revolucionário tiveram uma forte dependência e imbricação com seus suportes textuais, cujo estudo é necessário para que possam ser efetivamente entendidas (CHARTIER, 2009; ROSANVALLON, 2010; BURKE, 2003; DARNTON, 1987, 1990). De outra parte, variadas pesquisas mostram como a manutenção dos sistemas de poder dependeu do emprego eficiente da capacidade de impressão, tendo em vista que foi por seu intermédio que ideologias, propagandas políticas e mesmo modos de vida legitimadores destes sistemas garantiram a sua manutenção (BURKE, 2003). No Brasil, temos um caso ao menos singular: mesmo sendo um país historicamente com parcelas significativa de sua população iletradas e/ou com consumo limitadodas letras impressas, a presença e interferência da imprensa na vida política tem sido uma das mais intensas, ao ponto de muitas análises colocaram os jornais dentre os principais atores políticos em momentos decisivos de sua História (DOMINGOS, 2010; MARTINS, 2016; NEVES, MOREL & FERREIRA, 2006; BARBOSA, 2007, 2010). Embora tendo uma realidade cultural diferente, encontramos uma relação semelhante da importância do papel dos impressos igualmente em Portugal. Desta maneira, o tema da relação entre política, ideias/ideologias e imprensa tem crescido de interesse e recebido atenção de muitos pesquisadores nas últimas décadas. Em consequência, faz-se cada vez mais necessário reflexões teórico-metodológicas sobre o tema. O Simpósio Temático aqui proposto pretende ser um espaço para trabalhos que tenham como eixo a relação entre a História Política, História das Ideias e Ideologias e os impressos em geral, quer sejam estes tomados como fonte e/ou objeto de pesquisa, privilegiando, na medida do possível, a reflexão teórico-metodológica. (Ver Bibliografia)
ST 4: Faiança Majólica nas colônias portuguesas
Prof. Dr. Marlon Borges Pestana (ICHI/FURG)
O objetivo do simpósio temático “faiança majólica nas colônias portuguesas” é discutir as diferentes manifestações da cultura material ibérica, em especial de cultura lusitana e sua herança mourisca, nas colônias onde houve forte presença cultural portuguesa. Deseja-se atrair ao simpósio comunicações que versem sobre a faiança portuguesa e os artefatos a ela associados durante o século XVIII. Com isso, construir um panorama sobre os avanços teóricos e metodológicos nos estudos da louça colonial, não apenas nos povoados sul-americanos (especificamente Rio Grande), mas nos principais portos de comercialização de manufaturados do uso popular.
ST 5: Pesquisas recentes sobre Patrimônio e Educação para o Patrimônio
Profa. Drª. Carla Gastaud (UFPel)
Profa. Drª. Márcia Janete Espig (UFPel)
Nas últimas décadas, viu-se o crescimento de trabalhos acerca dos diferentes tipos de Patrimônio e das manifestações culturais que lhes são associadas. Somam-se a esses os trabalhos dirigidos às ações educativas voltadas para o reconhecimento, desenvolvimento, preservação e valorização dos bens culturais.
O presente Simpósio Temático visa contribuir para o debate e a divulgação de pesquisas recentes produzidas no mundo lusófono e que abordem tais aspectos.
ST 6: Cultura Escrita, Religiosidade e Educação
Prof. Dr. Mauro Dillmann (ICH / UFPel)
Prof. Me. Fernando Ripe (FAE / UFPel)
Este Simpósio Temático pretende reunir trabalhos que abordem, como fonte ou objeto, a cultura escrita – impressa ou manuscrita – do mundo lusófono em diferentes temporalidades, especialmente aqueles que se voltam à análise de aspectos relativos a religiosidades e/ou educação. Escritos de toda ordem (científicos, ficcionais, morais, pedagógicos, religiosos, poéticos, pessoais, etc.), produzidos ou traduzidos na língua portuguesa em dados contextos, podem possuir, assumir, nomear ou representar aspectos religiosos e/ou educativos capazes de expressar ações, pensamentos, sentimentos, invenções e significações culturais de determinadas sociedades ou grupos sociais. Discutir e refletir sobre a relação entre a cultura escrita, religiosidade e/ou educação, sobre os sentidos a elas atribuídas e sobre os discursos produzidos estão entre os objetivos deste Simpósio.
ST 7: História oral e instituições: memórias, narrativas e fontes
Prof ª. Me. Cristina F. Zabka (PUCRS/Escola de Medicina)
A proposta deste Simpósio Temático tem como objetivo reunir pesquisadores que estejam trabalhando com fontes orais, visando acolher trabalhos que abordem narrativas orais que contribuam para o desenvolvimento da história das instituições. Tem a intenção de oportunizar o entrecruzamento de experiências de registro de narrativas que contemplem a construção de memórias de instituições, restaurando suas origens e trajetórias, fundamentais para a constituição de sua identidade e para a definição de seu lugar no contexto. Propõe-se a discutir as possibilidades e os limites desse procedimento metodológico para o estudo da história institucional, estando particularmente interessado na imbricação entre essa e as histórias de vida, acompanhando o processo de construção do entrelaçamento "natural" entre ambas.
ST 8: A formação das relações políticas de poder enquanto dimensões culturais no Brasil
Prof. Dr. Paulo Roberto Monteiro Araújo (Mackenzie)
Prof. Me. Fransmar Costa Lima (Mackenzie)
O objetivo do simpósio é debater a formação das relações políticas do poder brasileiro a partir de perspectivas culturais, caracterizadas pelas dimensões culturais - tanto no âmbito do Estado Brasileiro quanto em suas peculiaridades regionais - partindo do princípio da diversidade de análises científicas, o que confere ao simpósio um caráter interdisciplinar. A proposta é aberta para pesquisadores das áreas de filosofia, sociologia, história e direito, que em suas análises contemplem os aspectos que formam as relações políticas do poder partindo de princípios culturais, sejam eles voltados para os aspectos objetivos e da subjetividade dos valores e da legalidade imbricados às artes e aos costumes. Serão aceitos trabalhos de caráter conceitual e estudos de casos que dialoguem com situações envolvendo a política, o direito, a sociologia e a história da cultura.
ST 9: Esquerdas e Direitas no mundo lusófono
Prof. Dr. Odilon Caldeira Neto (PUCRS)
Prof. Dr. Fábio Chang de Almeida (PMPA)
A díade direita e esquerda, para além de um instrumento de inteligibilidade do político, auxilia ao processo de autorreconhecimento e interlocução entre os agentes do campo específico, seja em nível individual ou coletivo. Partindo da acepção de que as direitas e esquerdas não são fenômenos estanques em seus tempos e imaginários, mas na realidade reinventam-se diuturnamente, esse Simpósio Temático pretende reunir trabalhos que se dediquem às direitas e esquerdas no mundo lusófono em seus processos de interação, interlocução, conflitos e disputas no campo político. Serão aceitos trabalhos que produzam análises desde trajetórias individuais, estudos de caso até abordagens transnacionais, incluindo também perspectivas comparadas e que auxiliem a pensar as fronteiras entre esquerdas e direitas nas concepções do mundo lusófono.
ST 10: Arte e violência de estado: reflexões críticas sobre os legados da ditadura militar no Brasil.
Prof. Me. Carlos Augusto Carneiro Costa (UFSSPA)
Idelber Avelar (Alegorias da derrota) comenta que o que se observa muito disseminado nos países latino-americanos que passaram por processos ditatoriais, especificamente no Brasil, é uma espécie de “luto triunfante”. Com esta expressão o autor se refere à ilusão corrente que acredita que o continente está recuperado das perdas provocadas pelas ditaduras. Essa ilusão, em larga medida alimentada pelo espírito festivo, impede que a sociedade tome consciência de que, na verdade, o luto ainda permanece. Trata-se de um ofuscamento da visão e da memória que permite a repetição de práticas violadoras de direitos humanos em níveis cada vez mais alarmantes. O retorno da democracia no Brasil não significou o desaparecimento das atrocidades provocadas principalmente pela última ditadura. Ao contrário, observamos a continuidade de muitos atos de violência praticados por instituições que deveriam garantir a segurança da população. Dentre esses atos, podemos citar os já bastante conhecidos casos do Massacre do Carandiru (1992), a Chacina da Candelária (1993) e o Massacre de Eldorado de Carajás, no Sul do Pará (1996). Esse mecanismo de controle social desumanizador parece estar arraigado na história constitutiva do país. De acordo com Renato Janine Ribeiro (A dor e a injustiça), o Brasil passou por dois traumas coletivos ao longo de sua formação: o violento processo de colonização e os atos de crueldade provocados pelo sistema de escravidão. Para ele, esses traumas ainda não foram completamente superados e continuam presentes nas estruturas de organização social brasileira, à espera do “ajuste de contas” com o passado. Paulo Sérgio Pinheiro (Autoritarismo e transição) afirma que em países como o Brasil, historicamente marcado por relações de poder pautadas em fatores hierárquicos e patriarcais, a transição de uma ditadura para uma democracia não altera o quadro de autoritarismo. Se há alguma alteração, é para pior. Pinheiro observa que o nível de violência pós-ditaduras é tão elevado quanto aquele obtido em estados de exceção. A partir desses elementos, o autor elabora o conceito de autoritarismo socialmente implantado. De acordo com sua definição, trata-se de um “autoritarismo que não termina com o colapso das ditaduras, mas que sobrevive às transições e sob os novos governos civis eleitos, porque independe da periodização política e das constituições”. Uma democracia verdadeiramente efetiva no Brasil somente será possível, comenta Pinheiro, se esse autoritarismo socialmente implantado for desmascarado, revelando as regiões sinuosas em que se estabelecem relações micro despóticas de opressão das classes populares da sociedade brasileira. Para Roberto DaMatta (A violência brasileira), todas as formas de organização social são e foram historicamente controladas por meio da violência. Esta é parte constitutiva da condição humana e é praticada a partir dos mais variados mecanismos de manutenção do poder. No caso brasileiro, o sociólogo afirma que, além de constitutiva, a violência tem função normatizadora, com alto grau de valoração por diversos setores da sociedade que legitimam seu uso em situações específicas, ignorando as catástrofes ocorridas no passado. Nessa mesma linha de pensamento, é interessante atentarmos para o que diz Eric Hobsbawm (Era dos extremos) sobre o esquecimento do passado violento como ameaça de retorno em proporções ainda mais extremas: “A destruição do passado – ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas – é um dos fenômenos mais característicos e lúgubres do final do século XX. Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem”. Assim, este simpósio recebe trabalhos que refletem sobre a arte (literatura, cinema, música, pintura etc.) e suas diversas formas de representação da violência da ditadura militar e suas heranças.
ST 11: Autonomia do corpo inteiro: a política rumo àdesconstrução das lógicas do sexismo e da violência contra as mulheres
Profª. Drª. Kathlen Luana de Oliveira (IFRGS/Campus Osório)
Profª. Drª. Rita de Cássia Fraga Machado (UNISINOS/PPGEDU; UEA/Campus Tefé)
Desde a efetivação da Lei Maria da Penha no Brasil, a partir de 2006, as lutas das mulheres têm se fortalecido. Todavia, ao mesmo tempo, enxergamos e percebemos mais violências que antes não se apresentavam em público como “violência”. De acordo com o Mapa da Violência 2015, os homicídios de mulheres negras aumentaram 54% em dez anos no Brasil, passando de 1.864, em 2003, para 2.875, em 2013. No mesmo período, o número de homicídios de mulheres brancas caiu 9,8%. Nesse contexto, ao se iniciar a desconstrução do sexismo e do patriarcalismo, percebemos que há ramificações e complexidades que necessitam ser enfrentadas. Uma das questões mais doloridas e difíceis de debater é a temática do aborto. O aborto é um dos paradoxos da ideia de sujeito definido pelos paradigmas modernos e é considerado um componente das democracias e de ideias de cidadania. A ilegalidade do aborto permanece no Brasil, colocando a prática como “algo polícia” e não como questão de saúde como demandam as lutas feministas. As reivindicações do “direito de decidir” vinculam-se às noções da invenção dos direitos elementares que consistem em soberania sobre si mesma. Macpherson insiste nesta afirmação, considerando que, na tradição liberal, a cidadania tem por base a propriedade de si mesmo. Diniz, em sua pesquisa de mapeamento, indica que ao menos 1 a cada 5 mulheres, até a idade de 40 anos, já realizou o aborto. A permanência do patriarcado como estruturante das relações sociais de gênero permite que o corpo das mulheres, historicamente, pertença aos homens e ao Estado. Em sociedades patriarcais, como a nossa, a autonomia sobre nossos corpos ainda é uma luta dos movimentos feministas. O difícil debate, no Brasil, traz cerceamentos morais e religiosos e alusões éticas, que atrelam decisões jurídicas, políticas e subjetivas que reforçam a menorização jurídica das mulheres. E, nesse ponto, que há o enfoque que aqui quer ser explorado: como debater autonomia, cidadania e emancipação com essa permanência da memorização jurídica das mulheres? Como as subjetividades/identidades são construídas num contexto no qual não há a soberania e autonomia sobre si mesma? O debate sobre politica, autonomia e soberania de si perpassará o referencial teórico de Débora Diniz, Hannah Arendt, Foucault, Marcela Lagarde, Simone de Beauvoir e Agamben. Ao fazer a reflexão das mulheres “como o outro”, Beauvoir (1970, p.12) questionou e denunciou a “dominação insustentável”: “de onde vem essa submissão da mulher?”, “por que as mulheres não contestam a soberania do macho?” E questionando as mulheres acerca de sua própria condição, faz a denúncia da dominação dos homens com relação à vida das mulheres; uma dominação que não tinha sentido de existir, pois havia tantas mulheres quantos homens, em termos quantitativos. Cabe visualizar nos discursos da questão do aborto a suspeita e a desconstrução da sacralidade da vida e, consequentemente, da biopolítica.
ST 12: História, Literatura e Memórias Femininas
Profª. Drª. Aline Alves de Carvalho (UFRJ)
Profª. Drª. Michelle Vasconcelos (FURG/PUCRS)
Profª. Drª. Rita Grecco (FURG)
No romance a Abadia de Northanger, publicado em 1817, a escritora inglesa Jane Austen fez uma crítica sobre a ausência das mulheres na História “solene”, em que figuram apenas homens. A escritora em suas obras problematizava os papeis sociais atribuídos às mulheres, construindo uma espécie de denúncia dessas relações e da falta de autonomia e da participação das mulheres na vida pública. Virgínia Woolf, já em 1929, em Um teto todo seu, discute sobre a necessidade de as escritoras de ficção terem a sua autonomia e independência financeira para poderem escrever. Assim como Jane Austen, Virgínia questiona a ausência das mulheres na Literatura, na História, nas Universidades, e, inclusive o difícil acesso das mulheres à educação e aos livros. A obra foi escrita a partir de uma conferência dada por Virgínia. Embora encontremos na literatura, desde o século XV, com Cristina de Pizán, a discussão sobre a desigualdade entre os sexos, a dificuldade de acesso das mulheres ao conhecimento, ou seja, a própria participação das mulheres na vida pública, é apenas no século XX, com a Geração dos Annales, mais especificamente, a terceira geração, na década de 1970, que a mulher passa a ser tema de investigação dentro da História, e vai se construir uma História desse sujeito invisibilizado dentro do sistema patriarcal, dadas as relações de gênero dominantes, considerando os contextos específicos, as questões de etnia, nacionalidade, classe, etc. Partindo das relações entre História, Memória e Literatura, o presente ST acolhe propostas que discutam a produção literária e intelectual de autoria feminina de língua portuguesa e o seu contexto e meios de produção, a história dessas mulheres escritoras e de como elas constroem seus discursos em determinados contextos e estruturas sociais de opressão, discursos, muitos dos quais, de denúncia da opressão patriarcal e de busca da autonomia, liberdade e igualdade femininas.
ST 13: Guerra, memória e trauma na literatura luso-afro-brasileira
Prof. Dr. José Luís Giovanoni Fornos (FURG)
Prof. Dr. Mauro Nicola Póvoas (FURG)
A guerra acompanha o homem desde os primórdios. Deflagrada por diferentes motivos, traz consigo a violência, o trauma e distintas formas narrativas de rememoração. Diante disso, narrar experiências de guerra passa a ser uma das maneiras de o sujeito compreender o trauma. No campo da literatura, são inúmeras as obras que tratam do assunto, recorrendo à memória, à história e ao esquecimento como categorias significativas para o entendimento das personagens e seus respectivos espaços sociais e geográficos. O simpósio tem por intenção discutir e analisar as representações literárias, considerando as temáticas da guerra, da memória e do trauma no universo das literaturas de língua portuguesa, observando seus aspectos políticos e subjetivos em diferentes períodos da história.
ST 14: Nações e Nacionalismos no Mundo Lusófono
Prof. Ms. Fernando Comiran (FURG)
Prof. Dr. Rodrigo Santos de Oliveira (FURG)
O presente Simpósio Temático tem por objetivo discutir as questões vinculadas à formação das nações e dos diversos nacionalismos no Mundo Lusófono dentro do Longo Século XIX (1789-1914) e o Breve Século XX (1914-1991). Tais processos iniciam com a formação do sentimento nacionalista português a partir da resistência lusitana na Guerra Peninsular (1807-1814), com a Revolução do Porto (1820) e o processo de Independência do Brasil (1822) e a posterior formação do sentimento nacionalista e da nação brasileira. No século XX temos os processos de libertação das colônias na Guerra Colonial (1961-1974), que acarretaram em um forte sentimento nacionalista e na formação dos Estados Nacionais de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique. O ST abre espaço para debater os diversos nacionalismos e as formações dos Estados Nacionais que compõe o Mundo Lusófono.
ST 15: Mulheres, Feminismos, Educação e Relações de Poder
Profª Drª Graziela Rinaldi da Rosa (FURG)
Profª Drª Márcia Alves (UFPEL)
Profª Drª Aline Lemos da Cunha Della Libera (UFRGS)
O presente simpósio propõe-se a criar um espaço para (re)pensar as relações de poder na perspectiva de gênero em interface com os estudos feministas. Pretende-se discutir, numa perspectiva latinoamericana, as contribuições dos diferentes feminismos para problematizar as relações humanas e denunciar as violências contra as mulheres e a população LGBTTs. Nesse sentido, problematizar estas relações nos espaços educativos escolares e não escolares, é necessário considerando a vivência de tempos onde pretende-se legalizar a exclusão deste debate nos currículos escolares. Ainda cabe ressaltar a ausência das histórias das mulheres, as quais timidamente aparecem nos livros didáticos e nas práticas pedagógicas com crianças, jovens e adultos, denunciando os silenciamentos e exclusões existentes em práticas educativas.
INFORMAÇÕES:
seminariohistoriafurg@gmail.com
INSCRIÇÕES:
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